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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Nada era dEle

poesia de Gióia Junior

Disse um poeta um dia,

fazendo referência ao Mestre amado:

"O berço que Ele usou na estrebaria,

por acaso era dEle?

- Era emprestado!

 E o manso jumentinho,

em que, em Jerusalém, chegou montado

e palmas recebeu pelo caminho,

por acaso era dEle? 

- Era emprestado! 

E o pão - o suave pão

que foi por seu amor multiplicado,

alimentando toda a multidão -,

por acaso era dEle? 

- Era emprestado! 

E os peixes que comeu junto ao lago

e ficou alimentado,

esse prato era seu? 

- Era emprestado! 

E o famoso barquinho?

aquele barco em ficou sentado,

mostrando à multidão qual o caminho,

por acaso era dEle? 

- Era emprestado! 

E o quarto em que ceou

ao lado dos discípulos, ao lado

de Judas, que o traiu, de Pedro, que o negou,

por acaso era dEle? 

- Era emprestado! 

E o berço tumular,

que, depois do Calvário, foi usado

e de onde havia de ressuscitar,

o túmulo era dEle? 

- Era emprestado! 

Enfim, NADA era dEle!

Mas a coroa que ele usou na cruz

e a cruz que carregou e onde morreu,

essas eram, de fato, de Jesus!" 

Isso disse um poeta, certo dia,

numa hora de busca da verdade;

mas não aceito essa filosofia

que contraria a própria realidade...

O berço, o jumentinho e o suave pão,

os peixes, o barquinho, o quarto e a sepultura,

eram dEle a partir da criação,

"Ele os criou" - assim diz a Escritura... 

Mas a cruz que Ele usou

- a rude cruz, a cruz negra e mesquinha

onde meus crimes todos expiou,

essa não era Sua,

ESSA CRUZ ERA MINHA!

Fotografia de Felipe Galdino

 


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